Wednesday, October 19, 2005

Teatro dos Vampiros

“Sempre precisei de um pouco de atenção
Acho que não sei quem sou
Só sei do que não gosto...”


Eu não sou mais fã da Legião Urbana como fui há mais ou menos dez anos, naquele início de adolescência, quando eu ouvia tudo que era cantado pelo soberbo Renato Russo. Mas eu devo admitir que as palavras deste grande poeta ecoam na minha cabeça de vez em quando. As letras dele são atemporais.

Hoje mesmo eu estou com ‘Teatro dos Vampiros’ na minha cabeça. É, porque têm pessoas que são exatamente assim. Que não sabem o que são, o que querem da vida, o que vão fazer no futuro...não sabem absolutamente nada. Mas sabem do que não gostam: de deixar de ser o centro das atenções. E quando agem assim, tentam minar as pessoas que, na concepção delas, estão se tornando o novo centro das atenções. O que essas pessoas às vezes não percebem é que ‘o novo centro das atenções’ não concentra nada em torno de si próprio, mas sim tem o poder de unir todas aquelas pessoas que a cercam, fortalecendo os laços de amizade já existentes e criando novos laços.

“Esse é o nosso mundo,
o que é demais nunca é o bastante...”

E essas pessoas querem muito. Querem sempre tudo. Não se contentam com 99%, querem 100%. Você tem que estar sempre pra elas. O problema é que chega uma hora que elas pensam que são mais do que elas são. Se colocam numa posição de soberba tão grande, que pensam que são a última bolacha do pacote, quando na verdade esquecem que podem ser aquela primeira cream-cracker, que quando a gente abre o pacotinho ela está lá, toda quebrada. Simplesmente porque é frágil, sem conteúdo, uma coisa sem muito a acrescentar. Uma grande enganação que só serve para abrir caminho para as melhores bolachas, aquelas que estão lá pelo meio. Juntas. Unidas.

“A riqueza que nós temos
ninguém consegue perceber...”

E essas bolachas do meio do pacote são as melhores. São as mais gostosas, são aquelas que estão mais inteiras, simplesmente porque elas tem base. Tem outras bolachas embaixo pra proteger do que vem de baixo, e tem outras bolachas em cima pra quem tenta destruí-las jogando o pacote no chão. É dessas bolachas que eu tento ser. Não quero ser a última. Nem a primeira. Ser aquelas do meio já me contenta. E muito.

“Vamos lá, tudo bem - eu só quero me divertir
Esquecer, dessa noite ter um lugar legal pra ir
Já entregamos o alvo e a artilharia
Comparamos nossas vidas
E mesmo assim, não tenho pena de ninguém”.